quarta-feira, setembro 13, 2006

Profecias diárias em contraponto



Disseram-me, certa vez, que os dias anteriores ditam os movimentos dos dias posteriores. Dos olhares e dos desejos pude notar três paisagens que no fundo se assemelham. A primeira, diria o mais desatento, se vincula ao olhar vago pela Belo Horizonte. De anormal não há nada. Seu ponto de partida é o Aglomerado do Taquaril, na Zona Leste de Belo Horizonte. Um belo lugar que proporciona um belo olhar. Um blefe. Possivelmente é o calo nos pés dos especuladores imobiliários, uma vez que sua vista e localização se parece com aquela do Mangabeiras.

O outro olhar
é ainda mais denso. A bela vista dos Profetas do Aleijadinho pelas costas, pela lateral da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas (MG). O olhar lateral rememora aqueles históricos moradores que, muito provavelmente, não assistiam a missa, mas assistiam as outras pessoas que dela saiam. Seus olhares curiosos fingiam uma "não curiosidade". Sua aparência simulada a descoberta de algo novo no outro. Antes, filhos de uma elite que faziam footing em domingos religiosos. O olhar não era tão displicente quanto poderia parecer.

Mais um olhar se soma aos outros no domingo p
ós 7 de setembro deste ano. A imagem revelada é a de um ato que cita a noção histórica de barricada, muito difundida e assimilada pelo movimento operário europeu, principalmente aquele de orientação anarquista. A descoberta da barricada lembra resistência. O fogo lembra destruição, mas também renascimento. A reinvidicação desse dia, ali na Br040 lotada de famílias voltando de seu feriado prolongado era o esgoto prometido pela Prefeitura local sob a imagem da COPASA. O que restou foi fumaça e a vitória conquistada pela ação empreendida. No meu olhar a ação já foi o bastante.

Da in
ércia até a ação dessas três imagens vemos o movimento de um olhar que tece a realidade de um discurso. Podendo ser aparentemente estático, as imagens se moldam com os comentários atingindo aquele que lê de algum modo. Superficialmente ou profundamente, a reflexão da leitura e seu consequente entendimento revela as posições a partir da posição exposta. A relação é crítica em vários sentidos, porém é inegável que tudo se deve ao acionamento dado pelo olhar.